domingo, 18 de novembro de 2018

A Atuação dos Médicos Cubanos Fora do Brasil

Mais um post da série sobre o programa "Mais Médicos".

Um dos fortes argumentos dos defensores da atuação dos médicos cubanos no programa "Mais Médicos" é que ele é um grande sucesso em outros países. 

Seria interessante entender como os pontos polêmicos da experiência brasileira, entre eles a necessidade de revalidação do diploma, a forma de pagamento aos médicos, a possibilidade da família acompanhar os médicos e a questão do asilo político, são tratados em outros países.

Os sites da autodenominada "mídia progressista de esquerda" afirmam que essas polêmicas não existem em outros países, veja uma reportagem aqui. Alguns deles reproduzem um twitter de um internauta que se identifica como médico com a mesma argumentação, um exemplo do que eu chamo de "jornalismo à base de memes". Por enquanto, não consegui comprovar essas informações eu mesmo. Um ponto que talvez mostre que isso não é tão verdade é o fato de que os países relevantes com médicos cubanos não são democracias estabelecidas, quer dizer, são países em que não deve ter havido muita discussão do programa com a sociedade. 

Para uma estatística sobre a atuação dos médicos cubanos em outros países e informações preliminares, veja aqui uma reportagem da Istoé.

Pontos principais da reportagem, com dados de 2016:

"Médicos cubanos trabalhavam em 62 países no fim de 2016, em 35 dos quais o governo cobrou por seus serviços."

"Além de Venezuela e Brasil, os mercados mais importantes, os médicos cubanos estão em países como Catar, Kuwait, China, Argélia, Arábia Saudita e África do Sul."

"O Anuário Estatístico de Saúde 2016 revela que os profissionais cubanos estão em 24 países da América Latina e do Caribe; 27 da África subsahariana; dois do Oriente Médio e da África setentrional; sete da Ásia Oriental e do Pacífico, além de Rússia e Portugal."

Chama a atenção o fato de que, com a crise democrática na Venezuela, apenas Brasil e África do Sul são democracias consolidadas. A Argélia atualmente é uma democracia, mas os militares na prática permaneçam como os maiores detentores de poder. Desde o começo da década de 1990 está ocorrendo no país uma transição do  socialismo para uma economia de livre mercado.

Como a reportagem não traz os números de médicos de cada país fica difícil verificar a relevância de cada experiência. 

PS: Uma boa reportagem do site BuzzFeed afirma que o envio de médicos cubanos para outros países gera uma média anual de cerca de 11,5 bilhões de dólares. Já reportagem do Uol afirma que, com a saída do programa, Cuba deverá perder 332 milhões de dólares por ano. Os números parecem estranhos, porque por eles o Brasil representaria apenas 3% do valor anual arrecadado por Cuba.

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