sexta-feira, 1 de junho de 2018

A União Soviética e os Trabalhadores Indolentes

O livro "Por Que as Nações Fracassam?" traz um impressionante trecho [1] sobre o modo como a União Soviética de Stálin lidava com a dificuldade de aumentar a produtividade de seus trabalhadores:


"Desde a sua concepção, o partido usara não só cenouras como iscas, mas também chibatas e porretes para conseguir o que queria. Com a produtividade, na economia, não foi diferente. Todo um conjunto de leis veio criar delitos penais para os trabalhadores que fossem considerados indolentes. Em junho de 1940, por exemplo, uma lei enquadrou o absenteísmo, definido como qualquer ausência não autorizada de 20 minutos ou mesmo a morosidade no trabalho, como delito penal passível de pena de seis meses de trabalhos forçados e um corte de 25% na remuneração. Foi introduzida toda sorte de punições similares, aplicadas com espantosa assiduidade. Entre 1940 e 1955, 36 milhões de pessoas, cerca de um terço da população adulta, foram julgados culpados de delitos dessa ordem. Destes, 15 milhões foram presos e 250 mil fuzilados. A qualquer ano dado, haveria um milhão de adultos presos por violações trabalhistas – para não falar nos 2,5 milhões de pessoas exilados por Stálin nos gulags da Sibéria. E, mesmo assim, de nada adiantou. Por mais que você possa transferir alguém para uma fábrica, não há como obrigar ninguém a pensar e ter boas ideias à força de ameaças de morte. A coação nesse nível pode até ter engendrado alta produção de açúcar em Barbados ou na Jamaica, mas não poderia compensar a falta de incentivos em uma moderna economia industrial".

[1] pág. 127. O livro indica apenas de forma genérica as referências bibliográficas. Provavelmente, os números citados foram extraídos de "Berliner, Joseph S. (1976). The Innovation Decision in Soviet Industry. Cambridge, Mass.: Harvard University Press".

Nenhum comentário :

Postar um comentário