As previsões dos críticos ao Fies se confirmaram.
Desde sua concepção, era fácil perceber que ele parecia muito mais formatado para atender os interesses das instituições privadas de ensino, grandes doadoras de campanhas eleitorais, do que os alunos.
Uma premiada reportagem do jornal o Estado de São Paulo, em 2015, intitulada “A farra do Fies”, mostrava que, entre 2010 e 2013, o número de matrículas pelo programa tinha subido 448%, enquanto o ritmo de matrículas no ensino superior privado tinha avançado apenas 13% — um sintoma de que as universidades estavam estimulando alunos que já tinham outras formas de bolsa ou financiamento a ingressarem no programa público, que lhes dava muito mais garantias. Esse fenômeno é denominado pelo governo como "crowding out".
Outras reportagens indicam que algumas instituições chegavam a cobrar, de um aluno do Fies, o triplo ou até quatro vezes mais que a mensalidade cobrada de estudantes que pagavam pelo curso do próprio bolso.
Somente a partir de abril de 2015 o governo passou a exigir dos alunos uma pontuação mínima no ENEM e que não tivessem zerado na redação. Quer dizer, todos os recursos gastos no FIES até 2014 foram feitos sem uma preocupação mínima de que os alunos tivessem capacidade de acompanhar os cursos. Até 2014, a oferta de financiamento era praticamente igual a demanda dos alunos interessados, quer dizer, não havia praticamente seleção dos alunos pelo governo, bastava eles serem aceitos nas instituições privadas.
É fácil prever que essa política era fadada a beneficiar muito mais as instituições privadas de ensino dos que os alunos, que em muitos casos ficariam endividados sem uma formação adequada para conseguir pagar o financiamento. Desde 2014, a inadimplência do FIES dobrou, chegando a 41% dos alunos.
Difícil crer que essas falhas básicas no programa só tenham sido detectadas em 2015...
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