Reportagem investigativa da BBC BRASIL publicada esse ano, desvendou "rede de perfis falsos" que teria atuado na campanha de Dilma Roussef à presidência em 2010. A reportagem, muito bem fundamentada, é de difícil contestação e deve ser lida na íntegra por todos que querem entender como funcionam os mecanismos de manipulação da opinião pública no Brasil.
A reportagem obteve uma planilha com os logins e descrição da personalidade dos perfis falsos. O esquema consistia em criar perfis nas redes sociais com as mais variadas personalidades, de modo a ter perfis identificados com uma vasta gama de eleitores. Como parte do esquema eram reproduzidos posts de um site de nome "Seja Dita Verdade", também alimentado pelo esquema.
Alguns perfis eram criados especificamente para defender programas sociais do PT ou atacar adversários. Por exemplo, o perfil @lludcavalcanti no Twitter com 410 seguidores, se autodescrevia como "Gosto da vida, família, do meu trabalho e minha nova paixão: administração de empresas". Mas o principal objetivo do perfil aparecia na planilha obtida pela reportagem. Nela o perfil era descrito como "Ludmilla Cavalcanti - 20 anos, estudante de ADM pelo Prouni, quer que o programa continue."
Já o perfil @jujummiranda, com 355 seguidores, se autodescrevia como "Estudante de Psicologia, Natureba e Amante da natureza e dos animais", mas na planilha aparecia como: "Juliana M. Miranda - 22 anos, Estudante de psicologia, ligada à natureza, vai desmascar Marina Silva".
Ainda que esses perfis se refiram à eleição de 2010, é difícil não associar esses fatos da campanha de 2010 à campanha de 2014 de desconstrução da candidatura de Marina Silva, conforme revelado pela colaboração premiada da Odebrecht. Segundo o coloborador Fernando Reis, a empresa tinha necessidade de que Marina não chegasse ao segundo turno, já que a Odebrecht havia apostado suas fichas principalmente nos candidatos Dilma e Aécio, estando, portanto, garantido o investimento se os dois candidatos chegassem ao segundo turno, como de fato ocorreu.
Logo depois da eleição de 2010 os blogs e contas de redes sociais (Twitter e Orkut) associadas ao esquema foram deixados de lado.
O escândalo da SECOM, revelado por reportagem do Estadão em 2015, também parece confirmar a veracidade da reportagem da BBC Brasil.
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