Nesse primeiro post examinamos uma das afirmações da Agência Lupa sobre erros e acertos do programa, veja aqui.
Mais uma vez parece-me que a "verificação de fatos" da Agência não é suficiente para esclarecer o que realmente se passa.
A reportagem aponta como falsa a seguinte afirmativa: “A [médica] cubana [que trabalha no Mais Médicos] não pode trazer seus filhos menores para o Brasil”.
Para justificar esse entendimento a Agência afirma que "não existe um acordo entre os governos brasileiro e cubano que prevê o impedimento de que as médicas cubanas tragam seus filhos para o Brasil" e que a Lei 12.871/2013 prevê que o governo brasileiro poderá dar o visto aos dependentes dos médicos cubanos.
A justificativa é por demais ingênua: é óbvio que a lei o programa não teria uma previsão explícita do tipo: "parentes serão proibidos de acompanhar o médico" ou "não será concedido exílio polítiaos médicos que o solicitarem".
Primeiro, como discutido aqui, a OPAS, muito bem remunerada para participar do programa, não parece ser fonte isenta na questão.
A justificativa é por demais ingênua: é óbvio que a lei o programa não teria uma previsão explícita do tipo: "parentes serão proibidos de acompanhar o médico" ou "não será concedido exílio polítiaos médicos que o solicitarem".
Primeiro, como discutido aqui, a OPAS, muito bem remunerada para participar do programa, não parece ser fonte isenta na questão.
Além disso, basta ser medianamente informado para perceber que a realidade não é bem a retratada pela Agência. Para isso basta ler reportagens do próprio grupo Uol, do qual a Agência faz parte.
O problema é que a reportagem nada fala sobre as dificuldades que o governo cubano impõe para a vinda dos familiares:
O problema é que a reportagem nada fala sobre as dificuldades que o governo cubano impõe para a vinda dos familiares:
- O fato de que 70% (o percentual parece ter variado com o tempo) do salário dos médicos cubanos ficar com o governo já limita a capacidade dos médicos de trazerem seus parentes;
- Há notícias no próprio Uol de pressão de Cuba para que familiares retornem à ilha e das dificuldades que o programa impõe aos médicos, veja aqui, aqui e aqui.
- Cubanos que deixam o programa são impedidos de verem suas famílias por 10 anos, veja aqui.
Todo o quadro exposto parece-me indicar que no fundo a família dos médicos, que não se limita apenas aos filhos, fica quase como refém em Cuba, obrigando os médicos a voltarem.
O salário em Cuba é irrisório, se comparado ao salário do médico cubano no Brasil, mesmo se considerando o percentual que fica para o governo.
Diante das restrições para entrar e sair de Cuba, resta a esses médicos tentarem aproveitar o máximo possível o tempo no Brasil para fazerem uma pé de meia e ajudarem suas famílias. Ou renunciarem a Cuba e sua família e passarem a mandar dinheiro para seus parentes, prática comum no país.
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