Da série "Os Juristas afirmam...".
Vamos examinar uma reportagem do Uol sobre a parcialidade de Moro e dos procuradores da Lavajato. O ponto aqui não é discutir as opiniões em si sobre a parcialidade, mas a dificuldade do Uol de encontrar juristas com opiniões divergentes sobre assuntos polêmicos. A manchete do dia 20/06/2019 é a seguinte: Para Juristas, se Moro e procuradores foram parciais, devem responder à lei.
A reportagem traz a opinião de dois juristas, que em essência concordam. Mas um dos juristas, Cláudio José Langroiva Pereira, apresentado como professor, é também um advogado criminalista. Há uma tendência de advogados criminalistas a terem uma visão oposta as teses dos promotores do MP. Isso é normal pelo ramo de atuação, como dito aqui. Por isso uma boa reportagem deveria trazer também a opinião de um promotor.
Além disso, é fácil constatar que Cláudio já tinha uma opinião muito crítica a Sérgio Moro e um viés pró Lula antes do episódio dos vazamentos dos diálogos da Lavajato. Por exemplo, segundo uma reportagem de julho de 2018 de título "#LulaLivre: o que pensam os maiores juristas brasileiros", Cláudio, em entrevista a Revista Fórum, site de esquerda ligado ao PT, teria dado a seguinte declaração:
“Não existe nenhum jurista que defenda a higidez da sentença. Na comunidade jurídica, nós tivemos um isolamento daqueles que defenderam a postura do Sergio Moro. Do ponto de vista jurídico, nem os juristas conservadores tiveram coragem de dar sustentação à tese colocada por ele".
Veja que ele menciona "juristas conservadores", o que provavelmente o coloca como "jurista progressista". Claramente é um "jurista" como uma posição já formada contra Sérgio Moro. O trecho acima também menciona que "não existe nenhum jurista que defenda" a sentença de condenação de Lula, o que com certeza é um exagero. Além do que, a condenação de Lula é bem fundamentada em provas, veja aqui e aqui, o que me faz duvidar de afirmações tão incisivas contra a condenação.
Apesar do foco do post não seja analisar as opiniões dos juristas em si, vale a pena uma menção ao último parágrafo, em que se afirma "até o presente momento" da falta de punição aos "vazamentos criminosos" da Lavajato. Contudo, na semana da reportagem, duas operações prenderam pessoas supostamente ligadas aos vazamentos: a Operação Escobar prendeu escrivães que teriam fornecido informação a advogados criminalistas de réus da Lavajato, entre eles Aécio Neves, e a Operação Chabu prendeu o prefeito de Florianópolis.
Apesar do foco do post não seja analisar as opiniões dos juristas em si, vale a pena uma menção ao último parágrafo, em que se afirma "até o presente momento" da falta de punição aos "vazamentos criminosos" da Lavajato. Contudo, na semana da reportagem, duas operações prenderam pessoas supostamente ligadas aos vazamentos: a Operação Escobar prendeu escrivães que teriam fornecido informação a advogados criminalistas de réus da Lavajato, entre eles Aécio Neves, e a Operação Chabu prendeu o prefeito de Florianópolis.
PS: A chamada na primeira página do Uol para essa reportagem tinha o título indicado. Mas internamento o título muda para "Vazamento da Lava Jato: Juristas apontam preocupação com imparcialidade".É comum no Uol a manchete da "primeira página" ser diferente da manchete da "página interna" e até não condizer com a reportagem em si.
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